Aparelho detecta problemas no sono e permite acompanhar paciente em casa.

Aparelho israelense de última geração está ajudando pesquisadores do Rio de Janeiro a estudarem pacientes com problemas para dormir. Trata-se do Watch Pat 200, que monitora cada minuto do sono, é menos invasivo que os equipamentos tradicionais e já é usado em três estudos da Universidade do Estado do Rio (UERJ).

A máquina é uma das únicas no país, e a UERJ possui duas, segundo Antonio Felipe Sanjuliani, professor e coordenador da disciplina de Fisiopatologia Clínica e Experimental da Faculdade de Medicina da UERJ. O maior benefício é o fato de o Watch Pat 200 monitorar o sono de forma mais natural. Isso porque o paciente leva o equipamento para casa e dorme sem alterar a rotina. Na técnica convencional, conhecida por polis sonografia, é preciso permanecer nas clínicas e dormir fora do ambiente doméstico.

“A polis sonografia feita na clínica pode alterar o sono e gerar uma informação equivocada sobre o paciente”, alerta o especialista.
O equipamento israelense é capaz de monitorar aspectos como a qualidade do sono, a incidência da apneia, a quantidade de movimentos feitos pelo paciente e o fluxo de oxigênio na respiração. Todas as informações são armazenadas em um software que cria um relatório completo.

Uma das pesquisas feitas com o aparelho descobriu que 75% dos pacientes com hipertensão resistente também sofriam de apneia do sono. O estudo começou em 2012 e envolveu 60 pessoas, selecionadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto. A apneia é diagnosticada quando o paciente para de respirar pelo menos cinco vezes por hora durante o sono.
“Estamos fazendo também estudos com obesos para ver a relação entre o sobrepeso e problemas no sono”, declara.

Risco de males cardíacos aumenta

Dormir menos de seis horas por dia pode trazer uma série de males ao organismo. De acordo com a pneumologista Thaís Bittencourt, do Serviço de Medicina do Sono do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, dormir pouco pode ocasionar problemas cardíacos a longo prazo. Ela explica que durante o sono a frequência cardíaca e a pressão arterial são reduzidas, o que ajuda a garantir a saúde do coração. Manter o corpo ‘trabalhando’ mais tempo do que o necessário seria um fator de risco.

“Isso favorece o surgimento de hipertensão e diabetes, o que aumenta o risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais ”, alerta.
A especialista alerta que o sono da tarde não substitui o período de descanso noturno e que menos de seis horas dormidas por noite não são suficientes para recuperar o organismo. De acordo com Thaís, uma dica para repor as horas de sono perdidas é aumentar, gradualmente, o tempo de sono de 15 a 30 minutos por noite, a cada semana.