Brasil, um país de 200 milhões de habitantes que procura tecnologias israelenses

Os brasileiros procuram empreendedores israelenses em quase que todas as áreas. Essa é uma alternativa adequada para a corrida dos empreendedores israelenses ao mercado americano, saturado pela concorrência e inundação de companhias startup. Delegação brasileira em Israel apresenta e revela como entrar com sucesso no Brasil.

Uma importante delegação brasileira visita Israel, convidada pela Câmara de Comércio Exterior no Ministério da Economia e pela Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil. No dia 3/6 no Escritório de advocacia HFN  em Beit Asia, Tel Aviv, houve um encontro com a delegação com o objetivo de incentivar a inovação e investimentos em parceria entre negócios e empreendedores de Israel e do Brasil.

Um representante da organização Anjos do Brasil, A maior organização brasileira (lá) na área de investimentos em companhias startup revelou os dados e as áreas preferidas, e deu dicas práticas, obtidas pela sua própria experiência. A empresa Pango apresentou os desafios na sua entrada no mercado brasileiro.

Roy Rosenblatt- Nir

Roy Rosenblatt-Nir, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil:” Como um presidente relativamente novo na Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil, pretendo fazer mudanças nas atividades e agir para destacar essa área que não é muito divulgada: a relação comercial entre Israel e a potência sul americana: Brasil. Temos um grupo de visitas importantes, que vieram do Brasil e liderando-os o Dr. Jayme Blay, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Israel, que é a nossa organização irmã no Brasil. Temos uma estreita e duradoura cooperação.

Nosso objetivo é apresentar aos dois lados o que eles não sabem e não conhecem sobre o outro. Os brasileiros não sabem o que Israel, como um país de alta tecnologia, tem para oferecer, e nós, os israelenses, não sabemos o que o Brasil, um país tão grande, tem para nos oferecer. Por isso os encontros comuns são importantes para a promoção das relações comerciais entre os países. Especialmente quando atualmente o Brasil está buscando tecnologias inovadoras para lhe ajudar, além de tudo, a sair da crise financeira na qual entrou.

Eu chamo a todas as pessoas interessadas em entrar no mercado brasileiro a se juntarem à Câmara de Comércio e participarem das nossas atividades. Prometemos aumentar o ritmo dos nossos eventos e atividades, para expor o mercado Brasileiro ao mundo empreendedor israelense.”

Jayme Blay

Dr. Jayme Blay, Presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria: “Para mim é uma grande honra estar em Israel, entre parceiros e amigos e eu sinto que estou agora em uma situação na qual há boas chances de ter sucesso nas missões da nossa Câmara.

O Brasil é um mercado enorme, um mercado que está buscando tecnologia, especialmente tecnologia de ponta, que economiza dinheiro em todas as áreas. O que há em Israel é oportunidade para o Brasil, e é realmente uma oportunidade enorme, porque o Brasil está passando por uma crise financeira temporária e busca formas de sair desta crise.

Justamente agora é o momento certo para a entrada de empreendedores israelenses no Brasil, pois no Brasil estão buscando soluções melhores das que existem lá hoje em dia.

Nós ajudaremos em todas as oportunidades comerciais de empreendedores israelenses que querem entrar no Brasil. Já temos ótimas conexões com algumas companhias startups e eu encorajo as empresas e as conecto a empresas ainda maiores, aos maiores bancos que existem no Brasil.  Os maiores líderes da indústria são membros da nossa Câmara, e essas conexões diretas agregam valor a qualquer empreendedor.

Aproveito a oportunidade para enfatizar o assunto de reciprocidade. É importante manter a reciprocidade nas relações comerciais entre países. A situação atual é que há três vezes mais importação de Israel ao Brasil do que exportação do Brasil a Israel. Essa situação não é boa para a relação comercial, e eu acho que importadores israelenses podem encontrar uma riqueza de bons produtos e mercadorias, que podem ser importadas do Brasil para Israel.”

Hannan Haviv, Sócio, HFN: “Os brasileiros são como os israelenses: ‘pensam fora dos parâmetros convencionais’. Eles são muito gentis e abertos e fazem amizade rapidamente. Por isso, é cômodo e fácil fazer negócios com eles, apesar da diferença no idioma e dos hábitos na conduta comercial no Brasil.”

Boaz Albaranes

Boaz Albaranes, Cônsul Econômico israelense em São Paulo, Brasil: “Pela minha experiência, um israelense e um brasileiro viram amigos em dois segundos. Mas com uma visão de longo alcance, somos diferentes no âmbito comercial.

Meu objetivo: fechar essa lacuna, principalmente na situação na qual os acordos no Brasil não são feitos com a velocidade na qual os israelenses esperam.

Entre Israel e Brasil há acordos singulares e nós, no Ministério da Economia, ajudamos à exportação com ‘dinheiro inteligente’, no escopo de 52 milhões de shekels, que em 2014 foram distribuídos para empresas que apresentaram plano de entrada em novos mercados.

Além disso, temos programas para empresas/organizações em cooperação e programas para adequação de produtos ao país alvo. Entre Israel e Brasil há dois acordos assinados de pesquisa e desenvolvimento, então há uma boa maneira de entrar no Brasil, através desses acordos. Eu convido a todos que querem chegar ao Brasil a usarem o nosso conhecimento e nossas capacidades.

Uma das coisas mais importantes: a necessidade de estar presente no Brasil. No Brasil, o contato pessoal é muito importante. Eu praticamente não conheço acordos e atividades que foram criados a partir de correspondência por email ou por telefone.

Os Brasileiros, por causa da situação econômica especial na qual estão, buscam soluções que economizam dinheiro. Em todas as áreas.

Israelenses que têm essas soluções estão convidados a se aproximar do mercado brasileiro e nós lhes ajudaremos a ter sucesso lá.”

Rodrigo Menezes

Advogado Rodrigo Menezes, representante do Anjos do Brasil  e ativo no mundo de empreendedorismo brasileiro: “No Brasil, bem parecido com o que há em Israel, há um ecossistema inteiro de investimentos na área de empreendedorismo. É claro que não é tão desenvolvido como a situação em Israel, mas estamos indo na direção certa. Por isso agora os israelenses têm muito o que oferecer aos brasileiros.

No Brasil há cerca de 20 fundos de capital de risco, e alguns capitais de risco internacionais. Há muitos investimentos de empresas gigantes, como: Intel, Qualcomm, Microsoft, Google, Telefonica e outras. Há alguns grupos de anjos, o maior de todos, Anjos do Brasil, nasceu, entre outros, por minha iniciativa. No Brasil há alguns parques de alta tecnologia, mas não com a extensão que eu vi aqui em Israel.

No Brasil há o início de um processo de incubadoras e aceleradores, já têm cerca de 20 desses centros. O governo incentiva isso, e estabeleceu alguns programas próprios de incentivo ao empreendedorismo. Em 2014 o Brasil começou um programa de incentivo a empresas startup. O programa inclui startups estrangeiras, se entrarem no acelerador no Brasil. O governo também destina verbas a um programa de mentoring (aconselhamento) governamental para empresas startup, um ótimo programa. O total de investimentos em todos os canais na área de empreendedorismo no Brasil está em cerca de 40 bilhões de dólares.

As áreas líderes, nas quais se busca capacidades e empreendedores no Brasil são:
a. Negócios e o mundo agrícola.
b. Software para organizações e grandes empresas.
c. Soluções na área de gás e óleo.
d. Área de biotecnia.
e. O início do desenvolvimento de empreendimentos no mundo da educação, saúde, produtos para a casa, nos campos de água e energia.

O que o Brasil está mais buscando: novos modelos comerciais para atividade existentes e inovação em todas as áreas. Um exemplo dentre muitos: apesar do Brasil ter muita água, por causa de um ano de seca, começou-se a descobrir que há um desperdício enorme de água nos canos de distribuição de água pelo Brasil. Um desperdício de dezenas de por centos. Quem trouxer soluções avançadas nesta área, poderá ter sucesso. Por isso o mercado brasileiro está buscando, hoje em dia, serviços melhores em todas as áreas, e produtos melhores dos que os que ele já tem.

Com relação ao ambiente comercial: o Brasil é um estado de lei, onde existem sistemas de proteção a bens intelectuais – propriedade intelectual. Mas no Brasil há muita burocracia, e é preciso aprender a viver com isso. Isso sustenta muitos advogados. O campo fiscal também é muito complicado, e não se pode lidar com ele sem especialistas na área.

Eu acredito que o Brasil pode ser uma ótima alternativa para o foco que existe hoje em dia nos Estados Unidos no mundo de empreendedorismo israelense. Nos Estados Unidos há uma concorrência ferras. Não é um ‘espaço vazio’ para os israelenses. Por outro lado, nós somos um país que precisa de tecnologias, por isso eu chamo os israelenses para irem ao Brasil, com o preparo certo. O Brasil também é o portão para outros países na América do Sul.

Eu também acredito que empreendedores que estão no início de seu caminho podem, mais facilmente tentar novas tecnologias no mercado brasileiro do que tentá-las no mercado americano, que é congestionado e tem uma concorrência enorme, com significativos e caros empecilhos à entrada, comparando com os empecilhos à entrada no Brasil”.

Maoz Tenenbaum

Maoz Tenenbaum,(foto), Vice-Presidente da Pango: “Nós temos negócios no Brasil. Não foi uma decisão fácil, entrar no Brasil, depois de já termos entrado em alguns países no mundo.

Fizemos uma pesquisa de mercado e achamos que temos uma solução que também serve para o mercado brasileiro. Hoje ainda estamos na fase de verificação de mercado e instalações nível beta, para ver qual o caminho certo para ter sucesso no mercado brasileiro. Já tivemos pequenos sucessos em cidades não grandes no Brasil.

O que aprendemos de mais importante: escolher o parceiro local, que irá lhe representar. O parceiro local deve fazer tudo por você, menos trazer o conhecimento e a tecnologia que vem de Israel.

O Brasil é um mercado enorme, com oportunidades enormes, mas com burocracia em todos os níveis. Para nós,  principalmente a nível municipal. É preciso ter muita paciência e parceiros locais adequados, que sabem superar os obstáculos burocráticos brasileiros. Eu acredito, e essa é a minha dica principal aos empreendedores, que com um parceiro local bem sucedido, o caminho para o sucesso no Brasil está garantido”.

Fonte: Israel-Brazil