Cientistas desenvolvem “remendos” para tecidos cardíacos que poderão substituir transplantes.

Cientistas estão a desenvolver tecidos cardíacos com nanopartículas de ouro para serem transplantados após ataques cardíacos e desta forma ‘remendar’ tecidos danificados no coração. Esta poderá vir a ser uma alternativa a transplantes de coração.

O “remendo” cardíaco desenvolvido por investigadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, e apresentado na revista científica Nano Letters, pode vir a apresentar-se como uma grande inovação, dado que ultrapassa vários dos atuais obstáculos existentes ao nível do tratamento de tecidos cardíacos danificados após um ataque de coração.

Os investigadores explicam que por um lado, o “remendo” cardíaco é desenvolvido a partir de células colhidas do próprio paciente, pelo que ultrapassa o obstáculo de poder ser rejeitado pelo sistema imunitário do próprio paciente e, por outro lado, utiliza nanopartículas de ouro que apresentaram ser funcionais na sinalização e condutividade entre as células.

Este avanço tecnológico é especialmente inovador, porque em caso de ataque cardíaco, são poucas as opções eficazes que a medicina dispõe para tratar os tecidos cardíacos danificados, dado que as células do coração não se podem multiplicar e os tecidos do coração não têm capacidade de se reparar após um ataque.

Por outro lado, existem atualmente algumas técnicas para reconstruir tecidos cardíacos que se baseiam na utilização de estruturas tridimensionais de colagénio onde as células são postas a crescer até formar um tecido para posterior transplante.

No entanto, o problema coloca-se ao nível da aceitação do transplante por parte do sistema imunitário dos pacientes, dado que os principais esforços científicos baseiam-se na utilização de redes de colagénio de porco para posterior transplante nos humanos e que muitas vezes são rejeitadas.

Para ultrapassar este problema, os cientistas em Israel sugerem a utilização de uma estrutura obtida a partir de tecido adiposo dos próprios pacientes, isto porque o tecido adiposo é facilmente colhido, as células rapidamente removidas e a estrutura não é rejeitada pelo sistema imunitário dado ser do próprio paciente.

Mas pela frente, os cientistas encontraram outro problema, é que a matriz extracelular humana não estabelece uma rede de sinais funcional entre as células, pelo que os investigadores exploraram a possibilidade de integrar nanopartículas de ouro nos tecidos cardíacos.

Tal Dvir, investigador envolvido no estudo explica, citado em comunicado da Universidade de Tel Aviv, que «para resolver o nosso problema de sinalização elétrica, depositamos nanopartículas de ouro na superfície da rede colhida do nosso paciente, ‘decorando’ o biomaterial com condutores».

O resultado foi que o “remendo” híbrido não-imunogénico contraiu bem devido às nanopartículas, transferindo sinais elétricos muito mais rapidamente e mais eficientemente do que as estruturas não modificadas, afirma.

Posteriormente, os cientistas testaram o “remendo” híbrido em animais com sucesso e «agora temos de provar que estes “remendos” cardíacos autólogos híbridos melhoram a função cardíaca após ataques cardíacos com resposta imunitária mínima, afirma o investigador e adianta que depois planejaremos fazer isto em animais maiores e depois disso em ensaios clínicos.

Fonte: Tv Ciência.