Como funciona o equipamento israelense que ajudou nas buscas no desastre de Brumadinho

Cerca de 130 militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) chegaram ao Brasil nesta segunda-feira (28) para auxiliar nos trabalhos de resgate das vítimas da tragédia em Brumadinho, onde uma barragem de rejeitos de minério da Vale se rompeu.

Composta por engenheiros especialistas, médicos, equipes de busca e resgate, bombeiros, soldados da unidade de missões submarinas da Marinha Israelense e representantes do governo, a delegação trouxe consigo tecnologias que podem ajudar nas buscas e no resgate das vítimas.

Os primeiros integrantes da delegação com 136 militares chegaram à região do rio Paraopeba na manhã desta segunda-feira, e a concentração inicial dos trabalhos se dará, principalmente, próxima à área administrativa da Vale, onde ficava o refeitório.

Conforme um comunicado de imprensa das Forças de Defesa de Israel, “o objetivo principal é localizar e resgatar pessoas desaparecidas na região, portanto, as equipes de busca e resgate realizarão todos os esforços necessários para tal, com auxilio de equipamentos que incluem meios avançados de localização de celulares, radares submarinos e aviões, a fim de ter maior controle da situação”.

Um dos equipamentos utilizados pelos israelenses é capaz de detectar sinais de celulares para indicar a presença das vítimas na região.

Trata-se de um dispositivo parecido com um tablet, com uma solução de software embutida, conforme explicou ao Gizmodo Brasil Marcelo Comité, diretor de desenvolvimento de negócios e vendas da NSO Group, empresa que fornece o aparelho por meio da divisão Q Cyber Technology.

Comité explica que a tecnologia permite localizar aparelhos celulares ao se conectar com as redes das operadoras e buscar sinais em uma área de cobertura maior. Caso seja identificado um sinal, uma equipe vai até o local. Segundo ele, é possível chegar a poucos metros de onde o sinal for emitido.

Equipamento de detecção de sinal

A tecnologia é promissora e dá a esperança de localizar mais vítimas, mas há alguns empecilhos. O equipamento consegue detectar o sinal de dispositivos eletrônicos que ainda estejam ligados até uma profundidade de cerca quatro metros. Ou seja, é preciso que os celulares ainda estejam funcionando e com bateria. Além disso, os bombeiros dizem que, em alguns pontos, a lama atingiu cerca de 15 metros.

No sábado (26), a Justiça Federal de Minas Gerais acatou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e determinou que as operadoras de telefonia móvel forneçam dados sobre os sinais de aparelhos de clientes que estavam na região afetada pelo rompimento da barragem sempre que solicitado pelas autoridades envolvidas com a operação de resgate e salvamento.

Com isso, as equipes podem obter informações sobre qual torre de comunicação recebeu o último sinal emitido por um celular que esteja inativo neste momento. Essas informações ajudam ainda a saber quais aparelhos ainda estão ativos e quais perderam o sinal após a tragédia.

As empresas de telefonia que deverão cumprir o pedido são: Vivo, Tim, Claro, Oi, Nextel, Algar Telecom e Sercomtel.

Sonares
Os militares israelenses também trouxeram sonares, equipamentos utilizados em navios e submarinos para localizar objetos em grandes profundidades com qualidade de recepção e imagem. O equipamento funciona a partir da emissão de ondas sonoras e, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, apesar de o Brasil também ter esse equipamento, há uma tentativa de “detectar pela sensibilidade desses sonares a diferença entre o material de lama e o material de um corpo humano”.

As equipes brasileiras de resgate também têm empregado o uso de drones, câmeras termais, georreferenciamento e a busca por últimas localizações disponíveis de dispositivos.

O tempo que os militares de Israel permanecerão em Brumadinho ainda não foi definido. De acordo com Aihara, as buscas devem prosseguir pelas próximas semanas.

As Forças de Defesa de Israel concluíram, em novembro de 2018, o teste do Grupo Consultivo Internacional de Pesquisa e Resgate (INSARAG) e foram qualificadas a se juntar a uma comunidade internacional de Unidades de Busca e Resgate do mundo todo. Essa é a primeira delegação israelense enviada após a adesão à Unidade Internacional.

Fonte: UOL