Conferência Israel-Japão para promover a cooperação em pesquisa sobre o cérebro

Seguindo a visita do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em Israel no início da semana, um grupo de cientistas japoneses visitou Rehovot, Israel, para participar da Conferência dos Avanços da Ciência do Cerébro, organizada conjuntamente pelo Instituto de Ciência Weizmann, localizado na cidade de Rehovot, e o Instituto de Ciência do Cerébro Riken, localizado no Japão. Os paralelos foram mais do que incidental: Abe e  o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discutiram aprofundar os negócios, pesquisas, desenvolvimentos e os contatos entre os países.

Os pesquisadores dos institutos Weizmann e Riken já estão trabalhando no avanço da colaboração científica entre os dois institutos e os dois países.
O Dr.Ofer Yizhar do Instituto Weizmann, um dos organizadores da conferência, está atualmente envolvido em um projeto de investigação junto com o pesquisador Toru Takumi do Instituto Riken . “Takumi cria ratos que têm um defeito genético que simula o autismo, enquanto meu laboratório de optogenética pode trabalhar com estes ratinhos, “ligando” e “desligando” os neurônios e o cérebro com a luz. Juntos, esperamos descobrir como o transtorno do espectro autista é desenvolvido no cérebro e quais mecanismos neurais estão envolvidos no comportamento autista”, diz Yizhar.

O Prof. Rony Paz falou sobre suas descobertas que mostram como a nossa tendência pode se generalizar e às vezes trabalhar contra nós, por exemplo, quando memórias de eventos traumáticos viram distúrbios pós-traumáticos. O Prof. Shimon Ullman, do Instituto Weizmann, deu uma palestra sobre o reconhecimento visual – um assunto que atravessa as fronteiras entre a neurociência e inteligência artificial.

Ullman, que já trabalhou com o Dr. Tanifuji do Instituto Renki  por um período de dois anos, disse: “As conexões pessoais científicas têm se aprofundado ao longo dos anos, e nós atualmente planejamos os próximos passos de um trabalho conjunto no futuro “.

Eventos informais e visitas a laboratórios durante os dois dias de conferência deram aos pesquisadores dos dois países a oportunidade de conhecerem e discutirem ideias para futuras pesquisas. “Riken é o premier centro de pesquisa do cérebro no Japão, e um dos melhores do mundo “, diz o professor Yadin Dudai, um dos organizadores da conferência. “Vemos que muitas das pesquisas realizadas no Instituto Weizmann complementam as realizadas no Japão; existe um grande potencial para trabalhar em conjunto em muitas áreas. Isso pode beneficiar ambos os lados, e nós esperamos ver mais cooperação no futuro”.

Cérebros de autistas seguindo o seu próprio caminho

O transtorno do espectro autista (ASD) tem sido estudado há muitos anos, mas ainda há mais perguntas do que respostas. Por exemplo, algumas pesquisas sobre as funções cerebrais em indivíduos com espectro do autismo, podem ter encontrado uma falta de sincronização entre diferentes partes do cérebro que normalmente trabalham em conjunto. Mas em outros estudos foram encontrados exatamente o oposto sobre a sincronização no cérebro daqueles com ASD.
Um novo estudo realizado por Avital Hahamy e o Prof. Rafi Malach do departamento de Neurobiologia do Instituto Weizmann, e a Prof. Marlene Behrmann da Universidade Carnegie Mellon, localizada em Pittsburgh/EUA, que foi  publicado na revista “Natureza da Neurociência”, sugere que os vários relatórios, tanto de excesso e de baixa conectividade, podem de fato refletir em um princípio mais profundo.

Para investigar a questão da conectividade em ASD, os pesquisadores analizaram os dados obtidos a partir de uma ressonância magnética funcional (FMRI) realizada enquanto os participantes estavam em repouso.  Estes dados tinham sido recolhidos a partir de um grande número de participantes em vários sites que estavam convenientemente montados em  manter o banco de dados.. “Estudos no estado de repouso cerebral são importantes”, diz Hahamy, “porque que é quando os padrões surgem espontaneamente, permitindo-nos ver como as diferentes áreas cerebrais naturalmente se conectam e sincronizam suas atividades. ”

Uma série de estudos anteriores realizados pelo grupo Malach, sugerem que estes padrões espontâneos podem fornecer uma janela para os traços comportamentais, incluindo aqueles que divergem da norma.

Em uma cuidadosa comparação sobre os detalhes destas sincronizações complexas, os pesquisadores descobriram uma curiosa diferença entre o grupo de controle e o grupo de comunicação com ASD: os cérebros dos participantes de controle tinham conectividade substancialmente semelhante de perfis em diferentes indivíduos, enquanto aqueles com ASD mostraram um fenômeno notavelmente diferente. Estes tendem a exibir muito mais padrões únicos, cada um na sua própria forma individual. Os pesquisadores perceberam que a sincronização dos padrões observados no grupo de controle foram “conformistas” em relação aos do grupo com  ASD , que se designa com o nome de ” idiossincrasias”.

Os pesquisadores dispõem de uma possível explicação para os diferentes padrões de sincronização entre o grupo com autismo e o grupo de controle: eles podem ser um produto das formas pelas quais os indivíduos nos dois grupos interagem e se comunicam com o meio ambiente. Hahamy: “Desde a juventude, as conexões normais, típicas do cérebro de uma pessoa são moldadas por uma intensa interação com pessoas e fatores ambientais . Tais experiências mútuas podem e tendem a fazer a sincronização dos padrões dos cérebros em repouso do grupo de controle mais semelhantes uns aos outros . É possível que no grupo com ASD, como as interações com o meio ambiente são perturbadas, cada um desenvolve um padrão organizacional mais individualizado do cérebro.”

Os pesquisadores enfatizam que esta explicação é apenas tentativa, será preciso muito mais pesquisas para descobrir a variedade de fatores que podem levar a ASD relacionada com as idiossincrasias. Eles também sugerem que novas pesquisas sobre o modo como e quando diferentes pessoas estabelecem padrões cerebrais específicos podem auxiliar no futuro desenvolvimento do diagnóstico e tratamento precoce para os distúrbios do autismo.

Para mais detalhes acesse: Conferência Israel-Japão