Conheça o dispositivo “NaNose”: um empreendimento conjunto israelense-americano-britânico que detecta câncer de pulmão antes que ele se espalhe.

O câncer de pulmão é considerado o mais mortal de todos os cânceres, responsável por mais de 27% de todas as mortes por câncer nos EUA anualmente. No entanto, a razão para essa estatística preocupante não se deve ao fato de que é o mais comum, mas porque a sua progressão mortal é de difícil detecção. O câncer de pulmão ataca sem deixar impressões digitais e, em silêncio, aflige suas vítimas com metástase incontrolável – a ponto de não haver mais como reverter o quadro.

Agora, um novo dispositivo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores de câncer israelenses, americanos e britânicos pode virar o jogo detectando, com precisão, o câncer de pulmão e identificando seu estágio de progressão. O teste, similar ao bafômetro, com um chip de nanotecnologia incorporado ao “NaNose” , literalmente “fareja” os tumores de câncer e foi desenvolvido pelo Professor Nir Peled, da Faculdade Sackler de Medicina da Universidade de Tel Aviv, o Professor Hossam Haick (inventor), do Technion – Instituto Israelense de Tecnologia e o Professor Fred Hirsch, da Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, em Denver.

O estudo, apresentado em uma recente conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Chicago, foi realizado com 358 pacientes que foram diagnosticadas com ou em risco de câncer de pulmão. Os participantes se inscreveram na UC Denver, Universidade de Tel Aviv, Universidade de Liverpool e um centro de quimioterapia em Jacksonville, na Florida. Outros pesquisadores que contribuíram para o estudo incluem o Professor Paul Bunn, da UC Denver; o Professor Douglas Johnson, o Dr. Stuart Milestone e o Dr. John Wells, de Jacksonville; o Professor John Field, da Universidade de Liverpool; e a Dra. Maya Ilouze e Tali Feinberg, da TAU.

Dispositivos usados ​​para “farejar” o câncer

“O câncer de pulmão é uma doença devastadora, responsável por quase 2 mil mortes em Israel por ano – um terço de todas as mortes relacionadas ao câncer”, conta o Dr. Peled. “Os diagnósticos de câncer de pulmão exigem procedimentos invasivos como a broncoscopia, biópsias guiadas por computador ou cirurgia. Nosso novo dispositivo combina várias tecnologias novas, com um novo conceito – usando o ar exalado como meio de diagnóstico do câncer.

  • “O nosso NaNose foi capaz de detectar o câncer de pulmão com precisão de 90%, mesmo quando o nódulo do pulmão era pequeno e difícil de detectar. Foi, inclusive, capaz de discriminar entre os subtipos de câncer, o que foi inesperado”, comemora o Dr. Peled.

Tumores de câncer de pulmão produzem substâncias químicas chamadas de compostos orgânicos voláteis (COVs), que facilmente evaporam no ar e produzem um odor característico. O Professor Haick aproveitou nanotecnologia para desenvolver o chip do NaNose com alta sensibilidade para detectar a “assinatura” única dos compostos orgânicos voláteis no ar expirado. Em quatro dos cinco casos, o dispositivo foi capaz de diferenciar entre lesões pulmonares benignas e malignas e, até mesmo, diferentes subtipos de câncer.

Exame não invasivo para a detecção precoce

“As células cancerígenas não só têm um cheiro ou uma assinatura diferente e única, mas é possível, ainda, discriminar entre subtipos e estado de avanço da doença”, disse o Dr. Peled. “Quanto maior o tumor, mais robusta é a assinatura.”

O dispositivo e posterior análise distinguiram, com precisão, as pessoas saudáveis ​​de pessoas com estágio inicial de câncer de pulmão em 85% das vezes, e as pessoas saudáveis ​​de pessoas com câncer de pulmão avançado em 82% das vezes. O teste também distinguiu com precisão entre o câncer de pulmão inicial e avançado em 79% das vezes.

“O dispositivo pode ser valioso para ajudar a detectar pacientes que precisam de triagem mais intensiva para o câncer de pulmão”, disse Peled. “Nosso objetivo é produzir um dispositivo capaz de fornecer um diagnóstico decisivo – algo está errado, vá fazer um raio-X.”

A empresa Alpha Szenszor, sediada em Boston, licenciou a tecnologia e espera apresentá-la ao mercado nos próximos anos. Enquanto isso, uma nova versão, mais compacta, do dispositivo foi desenvolvida e pode ser conectada a uma porta USB do computador.

O estudo teve apoio da bolsa da União Europeia LCAOS, uma colaboração financiada pela UE, cujo objetivo é permitir a detecção precoce de câncer de pulmão, e da Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão (IASLC).

Fonte: Itrade.