Dispositivo israelense chamado EyeControl permite que pacientes portadores de ELA se comuniquem

O “Desafio do Balde de Gelo” viralizou, introduzindo a ELA nas nossas vidas, no ano passado, ao encorajar as pessoas a filmarem a si mesmas derramando água gelada sobre suas cabeças, tornando-se uma sensação nas mídias sociais em poucas semanas. Enquanto esse blockbuster filantrópico desencadeou milhões de doações para a pesquisa da ELA, a cada ano aproximadamente 6.000 americanos são diagnosticados com essa doença neuromotora, perdendo quase completamente suas habilidades comunicativas à medida que a doença progride.

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Agora, um novo dispositivo de fabricação israelense chamado EyeControl está trabalhando para dar voz a pessoas incapazes de se comunicar verbalmente, utilizando o movimento dos olhos.

Uma invenção inspirada por conexões pessoais

A esclerose lateral amiotrófica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig, é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta células nervosas do cérebro e da medula espinhal. Em média, a maioria dos pacientes são diagnosticados com a doença aos 55 anos de idade e eventualmente sofrem com a perda total da fala. E é aí que entra o aparelho EyeControl.

Esse dispositivo de comunicação móvel, econômico e desprovido de telas foi desenvolvido por um grupo de empreendedores israelenses pessoalmente afetados pela doença. Retzkin, cofundador do EyeControl e Tal Kelner, chefe de produto, perderam seus avós para a ELA e, desde então, se comprometeram a ajudar as pessoas “aprisionadas” ou incapazes de falar devido à deterioração muscular. Além disso, o CTO Itai Kornberg apresentou a tecnologia ao embarcar em uma missão para ajudar um paciente com ELA a se comunicar com os olhos, utilizando um computador para traduzir os movimentos.

O sistema EyeControl combina óculos computadorizados e um aplicativo para dispositivos móveis para capturar os movimentos dos olhos e traduzi-los em comandos de áudio ou texto utilizando um algoritmo de rastreamento ocular. Uma câmera é integrada aos óculos para detectar o movimento dos olhos, o qual é posteriormente analisado por um microcomputador instalado nos óculos. Utilizando uma conexão Bluetooth, os comandos são transmitidos ao ouvido do paciente através dos fones de ouvido ou alto-falantes do sistema.

O sistema é baseado em um modelo de três etapas: Os pacientes são capazes de pedir auxílio, criar frases pré-determinadas como “Estou com frio”, e compor frases simplesmente movimentando os olhos em certas direções.

Para lançar o dispositivo no mercado, a empresa lançou uma campanha de crowdfunding no Indiegogo esperando atingir $30.000. Desde o começo da campanha em 7 de julho, a startup excedeu a sua meta de $30.000, alcançando $42.000 em menos de um mês. Hoje, a empresa decidiu estender a campanha para arrecadar $50.000 durante mais duas semanas. Apesar do tempo limitado da campanha no Indiegogo, Retzkin não pode confirmar uma data para o lançamento do produto.

Um dispositivo sem telas a um preço acessível

A EyeControl está determinada a transformar as vidas dos pacientes com ELA, estabelecendo parcerias com a organização sem fins lucrativos Prize4Life, chefiada pelo CEO Shay Rishoni, um paciente com ELA. Essa parceria de longo prazo tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a ELA e promover a solução da EyeControl.

Entretanto, a EyeControl não está sozinha no mundo dos sistemas de controle através do olhar para pessoas com deficiência. Sistemas como o Tobii DynaVox, LC Technologies e até mesmo a tecnologia israelense responsável pelo Sesame Phone estão competindo para liberar o acesso a tecnologias dependentes de telas sensíveis ao toque. O EyeControl, que ao contrário de muitos concorrentes não requer uma tela, se destaca principalmente por sua portabilidade.

“A maioria dos pacientes precisa ficar em casa ou em frente a uma tela de computador para utilizar um desses dispositivos”, afirma Retzkin à NoCamels. “Portanto, se você entra no carro ou se deita na cama e a tela não está na sua frente, você não consegue se comunicar.”

Esse dispositivo portátil utiliza uma bateria externa como fonte de eletricidade, permitindo ao paciente viajar e se comunicar através dos óculos, independente da sua localização.

“Nós utilizamos um feedback por voz, portanto temos um fone de ouvido e não uma tela,” explica Retzkin. “É bastante intuitivo para que você possa deslizar os olhos de acordo com o que você escutar.”

E ao contrário de dispositivos similares, que custam entre $3.000 e $10.000, o EyeControl deverá custar o valor acessível de $100, com o objetivo de garantir acessibilidade a todos os pacientes, independente de sua condição financeira. De acordo com Retzkin, sua equipe adquire os componentes em grande quantidade e monta o dispositivo internamente, o que torna o sistema significativamente mais barato.

Fonte: Missão Econômica