Hospital de Israel é capaz de operar debaixo da terra

O Centro Médico da Galileia, na cidade de Nahariya, no norte de Israel, tem bem perto de uma de suas entradas um míssil Katyusha envolta de uma estrutura de vidro com acabamento de madeira. Pacientes e acompanhantes passam rapidamente pelo corredor sem que o pedaço de metal lhes chame particularmente a atenção. A sua queda destruiu o departamento de oftalmologia em 2006 durante a guerra contra o Líbano.

A apenas de 10 km da fronteira libanesa, o hospital fica em uma área que, na época do conflito, foi alvo de vários mísseis lançados pelo Hezbollah, organização xiita que atua no sul do Líbano. A organização do centro médico estima que o grupo, considerado terrorista por Israel, lançou 4 mil foguetes contra o norte do país. Cerca de 2,5 mil direcionados à Galileia Ocidental e por volta de 800 deles caíram em um raio de apenas 1,5 km do hospital.

O míssil que atingiu o departamento de oftalmologia atravessou vários andares e teria feito vítimas se o hospital não contasse com uma impressionante estrutura subterrânea, concluída um ano antes. Para transferir todo o atendimento para o subsolo, o hospital precisa apenas de 1 hora e meia.

“Em 90 minutos podemos descer tudo para a estrutura subterrânea desde o departamento de alimentação, medicação até o centro de neurocirurgia. Estamos orgulhosos, mas tudo isso é muito triste”, lamenta Sara Streit, porta-voz do hospital.

O visitante desavisado talvez não observe a transição entre o hospital que funciona na superfície e a estrutura protegida sob a terra.

Esse foi o primeiro hospital do país a ganhar uma estrutura subterrânea, que demorou anos para ser construída e custou milhões e milhões, segundo a administração.

“Na época em que ela foi feita, os diretores foram criticados por gastar muito dinheiro, mas nós nos sentimos seguros de trabalhar aqui”, conta Sara. Posteriormente, outros hospitais também foram equipados.

Os corredores largos ligeiramente inclinados facilitam o deslocamento das macas e dos equipamentos. Falsas janelas são pintadas em azul no teto para que se tenha a impressão de estar sob luz natural.

O subsolo conta com 700 leitos – 350 deles, assim como a ampla sala de triagem, são isoladas até de ataques de armas químicas.

Em épocas de paz as camas hospitalares colocadas lado a lado fazem pensar em um hospital abandonado. Mas muito longe disso: os funcionários fazem treinamentos periódicos para que em caso de emergência todos os serviços sejam realocados na área de segurança.

O hospital que se especializou em traumatologia, cuidados a vítimas de desastres e de guerras. Equipes frequentemente participam de treinamentos com a polícia, com o exército e já foram enviadas para auxiliar a cuidar das vítimas dos terremotos no Haiti e, mais recentemente, no Nepal.

O hospital público presta assistência a uma população de cerca de 600 mil pessoas dessa região onde cerca de 50% da população é de origem árabe. Atualmente, presta socorro para soldados da ONU e vítimas do conflito na Síria, que fica um pouco mais longe do que a fronteira com o Líbano.

“Até o hoje nós sentimos a tensão, sabemos que é bem fácil tudo recomeçar. Aqui não se pergunta se irá acontecer um novo confronto com o Hezbollah, mas quando isso vai acontecer. Tememos que o próximo confronto seja ainda mais duro”.

Fonte: G1