Por que um terço das empresas em todo o mundo ainda não tem mulheres em cargos de liderança?

Madeleine Blankenstein, sócia da empresa de auditoria Grant Thornton explica os principais motivos detectados no Women in Business Report

Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria

 madaleineConte-me sobre sua trajetória profissional?

Fiz Bacharelado em Economia no Brasil, depois MBA em International Management na Thunderbird no Arizona, EUA. Morei 20 anos fora do Brasil, 14 deles na Holanda, e o restante na Dinamarca, Inglaterra, EUA e Alemanha. Comecei minha carreira no Banco Safra no Brasil, depois vários bancos no exterior, terminando com a Robeco (gestora de fundos) na Holanda.

Estou na GT desde 2006- iniciei como gerente de contas no Outsourcing. Em 2010 quando nos tornamos firma membro da Grant Thornton Internacional fui promovida a Sócia. Atuo em várias frentes: participando da gestão da linha de serviço outsourcing, cuidando de parcerias internacionais estratégicas, inclusive dentro da própria Grant Thornton, analisando os reports do IBR, e sendo porta-voz do Women in Business Report.

Fiz Bacharelado em Economia no Brasil, depois MBA em International Management na Thunderbird no Arizona, EUA. Morei 20 anos fora do Brasil, 14 deles na Holanda, e o restante na Dinamarca, Inglaterra, EUA e Alemanha. Comecei minha carreira no Banco Safra no Brasil, depois vários bancos no exterior, terminando com a Robeco (gestora de fundos) na Holanda.

Estou na GT desde 2006- iniciei como gerente de contas no Outsourcing. Em 2010 quando nos tornamos firma membro da Grant Thornton Internacional fui promovida a Sócia. Atuo em várias frentes: participando da gestão da linha de serviço outsourcing, cuidando de parcerias internacionais estratégicas, inclusive dentro da própria Grant Thornton, analisando os reports do IBR, e sendo porta-voz do Women in Business Report.

Como é o trabalho da Grant Thornton e desde quando ela está no Brasil?

A Grant Thornton já está no Brasil há 30 anos, sendo que há cinco tornou-se bandeira própria no país. Somos uma das cinco maiores empresas em serviços de auditoria, tributos, consultoria, transações e outsourcing nas principais economias mundiais. Colaboramos para a criação de ambientes de negócios que permitam o sucesso e o crescimento a longo prazo de empresas e pessoas, com o compromisso de formar uma economia vibrante.

Na Grant Thornton, vocês utilizam a expressão Razão + Instinto como uma representação da cultura da empresa e dos métodos de abordagem. Poderia explicar melhor? 

Se nos remetermos a nosso momento atual, a Razão pode nos dizer que devemos aguardar os acontecimentos para retomar Investimentos. O Instinto nos diz que devemos nos organizar e nos preparar para crescer. A ideia por trás dessa mensagem é que nosso público Target são empresas em várias fases de desenvolvimento, que sejam dinâmicas, e tenham como nós o instinto para o crescimento. São essas empresas que queremos entender melhor e prestar alguns serviços de nossa grande gama.

Recentemente vocês fizeram uma grande pesquisa sobre o número de mulheres em cargos de liderança no Brasil. O que a pesquisa apontou?

A pesquisa apontou que cresceu o número de CEOs mulheres no Brasil, de 4 a 11%, porém em termos da média de mulheres na liderança de empresas a porcentagem é 19%. Além disso a maior proporção de mulheres em cargos de liderança se concentra nas Áreas Financeira, Marketing,  RH, entre outras.

Como é a posição do Brasil em relação a outros países do mundo? O Brasil está abaixo

Se no Brasil 19% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, na América Latina foi 18%, e a média mundial é de 24%. É interessante notar que a Rússia, Polônia e China Continental estão acima, e a Holanda, Argentina, Índia e Alemanha abaixo. Um terço das empresas em todo o mundo ainda não tem mulheres em cargos de liderança.

Por que a América Latina ainda está distante da média global?

Na América Latina, nos deparamos com uma herança cultural, e com o envolvimento tardio da mulher nos bancos escolares/universitários como também no mercado de trabalho. A Lei Aurea foi promulgada em 1888 e obtivemos o direito de votar em 1932. As mulheres começaram a se inserir no mercado de trabalho brasileiro apenas no final do século XX, com o desenvolvimento industrial e a urbanização. Apenas nos últimos anos passou a existir um maior envolvimento de grupos de interesse em diminuir as diferenças em termos de salário e desenvolvimento social, entre outros. As empresas no Brasil vem criando uma melhor estrutura para que a mulher não precise fazer uma escolha sofrida entre a maternidade e a carreira, com possibilidades para seu  desenvolvimento.

Quais os principais desafios dos profissionais que ocupam cargos de liderança?  E no caso específico das mulheres?

Para profissionais em geral o grande desafio é formar e reter talentos, e inspirar para que queiram seguir adiante em posições de liderança. Palavras como Colaboração, Respeito, Ética e Visão de Futuro tomam grande importância. Para as mulheres o desafio é que os exemplos de mulheres na liderança são escassos, o que dificulta a tomada de decisão sobre a entrada de novas lideranças do mercado. As empresas precisam avaliar melhor os benefícios  oferecidos às mulheres para encorajá-las a tomar as rédeas da liderança. Além disso, as empresas não devem destoar do que dizem e do que transmitem através de suas ações.

Quais as características de um bom líder e quais seriam as suas recomendações aos jovens que ingressam no Mercado?

Quando se fala em delegar, não é simplesmente oferecer o trabalho para outra pessoa. Mas sim trabalhar conjuntamente, trazendo novas ideias que enriqueçam a tomada de decisões. O mesmo deve acontecer em relação à comunicação. Ela não é simplesmente um canal de transmissão de mensagens, mas traz a possibilidade de se abrir, escutar e incluir outras pessoas no processo de tomada de decisão. Um bom líder foca tanto no crescimento, como no aumento de sua contribuição para a formação estratégica de uma empresa. Recomendamos para os jovens que entendam bem o negócio para o qual tem interesse de trabalhar, e não se acanhem em dar sugestões para melhoria de desempenho da empresa. Mas é preciso ter paciência, pois as mudanças são gradativas.

Quais as principais vantagens da liderança feminina?

Nesse sentido incluo a diversidade de gênero, idades, formação e vivencia para demonstrar como decisões tomadas em colaboração com pessoas diversas estão mais afinadas com o mundo globalizado, e em constante mutação. As empresas precisam ser capazes de se antecipar às mudanças, de entenderem os potenciais riscos futuros e desenvolver soluções para superar os obstáculos. Além disso a diversidade reduz o risco do ¨efeito manada¨ e cria novos caminhos para o crescimento.

Algo que gostaria de acrescentar?

É importante lembrar que tanto as Empresas, como os Governos e as próprias mulheres devem contribuir para um desenvolvimento de uma atuação mais representativa das lideranças femininas.

Confira a pesquisa na íntegra em: http://www.grantthornton.com.br/insights/articles-and-publications/women-in-business-2016/