Operadoras apostam em apps para ampliar receitas no Brasil

Após anos de disputa feroz pelo aumento da base de clientes, as operadoras de telefonia móvel estão apostando no uso de aplicativos para ampliar a penetração da internet móvel, aumentar a receita com serviços e fidelizar clientes no Brasil. A oferta de serviços inclui desde navegação grátis no Facebook até o acesso a aplicativos mais específicos, que ajudam o cliente a declarar o Imposto de Renda e mostram rotas de ônibus e metrô.

A Telefônica Brasil, dona da Vivo, por exemplo, fez em fevereiro parceria com a Abril Educação para uma série de aplicativos educativos, incluindo preparatórios para o Enem e tutoriais para declaração do IR. Esses serviços estão disponíveis para planos pré, pós-pagos e até para aqueles que não têm smartphone, mas que podem acessá-los no computador usando banda larga fixa.

Outro aplicativo no qual a operadora tem apostado é o Nuvem de Livros, criado em parceria com a Gol Editora. A biblioteca virtual, que tem 1 milhão de assinantes, também está disponível para computador ou smartphone. “Queremos fidelizar nossos clientes para que o relacionamento com a Vivo não seja só pela conexão”, disse Alexandre Fernandes, diretor de Serviço de Valor Agregado e Inovação da operadora.

A TIM, que está se concentrando nos telefones inteligentes, fez parceria recente com a empresa israelense Moovit para a oferta de um aplicativo que mostra rotas de ônibus e de metrô nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Campinas. Os clientes da TIM podem acessar o Moovit gratuitamente até 11 de dezembro. A operadora pretende incluir o produto em seus smartphones com sistema operacional Android.

“Acreditamos que os aplicativos que envolvem colaboração entre os usuários vão ter forte crescimento com o aumento da penetração da Internet móvel”, disse o diretor de Serviço de Internet de Valor Agregado e Handsets da TIM Brasil, Fábio Cristilli, à Reuters, contando que a operadora tem projetos-piloto com outras duas desenvolvedoras de aplicativos.

Facebook

Após anos de forte crescimento das vendas de chips, as operadoras têm promovido uma limpeza de sua base de clientes, de forma a excluir as linhas não utilizadas e explorar oportunidades de gerar mais receita por cliente. “As empresas agora estão sendo mais cuidadosas, porque é um custo para a empresa manter um cliente que não gera receita na base”, disse o analista da CGD Securities, Alex Pardellas.

Nesse aspecto, as operadoras têm apostado fortemente no acesso às redes sociais. No início de agosto, a Claro, da America Móvil, fez parceria com o Facebook para acesso grátis à rede social, sem desconto nos créditos ou no pacote de dados. A campanha não tem prazo para terminar.

A iniciativa veio após os resultados de uma pesquisa contratada pela própria empresa mostrando que 70% dos brasileiros compraram seu primeiro smartphone há menos de seis meses e que o Facebook é o aplicativo mais utilizado. Além disso, dos 76 milhões usuários do Facebook no Brasil, 44 milhões acessam a rede no celular.

A Claro disse estar estudando firmar outras parcerias semelhantes, dentro de sua estratégia de focar mais nos serviços de dados.

O Facebook também tem parcerias com Vivo e TIM, mas de forma mais restrita. Em janeiro, a TIM fechou acordo para oferecer acesso grátis à rede social até 2014 para os clientes que adquirirem seu modem de Internet móvel para laptops. Já a Vivo permite que seus usuários de celulares mais simples recebam publicações do Facebook via SMS. O serviço é cobrado a partir de cinco notificações ou mensagens por semana.

Receitas

O movimento coincide com o aumento da base de smartphones. Na TIM, eles representam atualmente 22% dos 72,6 milhões celulares ativos. Essa participação deve aumentar já que os telefones inteligentes respondem hoje por 60% das vendas de celulares, disse o diretor da empresa.

Para a Vivo, a estratégia de parceria com desenvolvedores de aplicativos tem que envolver todos os tipos de celulares. “Temos que atender todos os clientes, porque no Brasil ainda é a minoria que tem smartphone”, disse Fernandes. Da base de 76,6 milhões de celulares da Vivo, 42% são smartphones.

Segundo Fernandes, a oferta de aplicativos tem ajudado a Vivo a ampliar as receitas com serviços, que incluem acesso à caixa postal e som de chamadas. No primeiro semestre, essas receitas alcançaram R$ 524 milhões, alta de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já as receitas com serviços da TIM subiram 25,3% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 1,29 bilhão.

A estratégia de impulsionar receitas de serviços ocorre em um momento de desaceleração do crescimento da base de clientes, após a relação de linha móvel por habitante no país ter chegado a 1,3 vezes, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O Brasil encerrou julho com 266,999 milhões de linhas de telefonia móvel ativas, crescimento anual de 4,1% – bem abaixo do crescimento anual de 16,4% registrado em julho de 2012, de acordo com dados da Anatel.

Fonte: Reuters