Qual a maior ameaça para Israel nos dias de hoje?

Liane Gotlib Zaidler – Para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria

marioentrevistaCarioca, Mario Fleck tem uma extensa vida comunitária, não somente no Rio de Janeiro, onde foi ativista no Fundo Comunitário e presidente do Colégio Max Nordau, como também em São Paulo.  Foi vice-presidente e depois presidente por duas gestões da Federação Israelita de São Paulo (Fisesp) e é vice-presidente da Câmara Brasil – Israel de Comércio e Indústria. Profissionalmente, atuou por 28 anos na Accenture sendo os últimos 14 como seu presidente no Brasil. Desde 2004 é sócio da Rio Bravo Investimentos.

Recém eleito como chair na América Latina de  uma das mais importantes instituições no mundo, o AJC, ele nos conta sobre os desafios que estão por vir.

Quais foram suas principais realizações como presidente da Fisesp?

Fizemos um mandato com foco em uma atuação mais estratégica para a Federação, destacando as áreas de Política, Segurança, Juventude, Educação e Conexões externas e internas. Também procuramos colocar em destaque a relação de nossa comunidade com o Estado de Israel.

O senhor acaba de ser escolhido como Chair do Belfer Institute for the Latino and Latin American Affairs do American Jewish Committee (AJC). Como se sentiu ao ser eleito e quais as principais metas e desafios no novo cargo?

O AJC é uma das mais importantes instituições no mundo, atuando em advocacia pró Israel e pró Judeus há 110 anos. Sinto-me muito honrado em poder ocupar por um período esta posição de liderança do grupo que congrega as comunidades de língua espanhola e portuguesa nas Américas dentro do AJC.

Os desafios estão centrados na defesa dos ideais e valores de combate ao antissemitismo, e qualquer outra forma de discriminação, e igual combate às tentativas de tirar a legitimidade do Estado de Israel.

Qual o papel do AJC no mundo e na América Latina?

O AJC foi fundado muito antes da própria criação do Estado de Israel e nestes 110 anos de existência sempre atuou exercendo uma atividade de advocacia ou diplomacia em todas as esferas internacionais na defesa dos valores judaicos mantendo canais diretos com lideranças de nações, corpos diplomáticos e influenciadores do desenho das relações internacionais entre povos. Esta atuação também inclui a America Latina, onde episódios como os ataques terroristas na Argentina, e o recrudescimento do antissemitismo em alguns países demandam atenção especial.

Quais foram os principais temas discutidos durante o encontro em Washington?

Dentro de uma agenda ampla de debates ligados a agenda do AJC,  destaco a premiação “Moral Courage Award” entregue a uma líder dos Yazidis do Iraque, que sofrem uma tentativa de limpeza étnica, além  dos avanços em dois projetos importantes da advocacia que descrevi: o projeto “Prefeitos contra o Antissemitismo”, uma inciativa para a qual prefeitos de mais de 300 cidades na Europa e nos Estados Unidos já aderiram, e o lançamento da campanha “Governadores contra o Boicote”,  no qual a primeira assinatura veio do Governador de Nova York.

Como foi a participação do Brasil? A delegação brasileira foi formada por diretores da FISESP e da CONIB? O que se espera dos judeus da América Latina, neste tópico em particular?

A comunidade judaica no mundo todo precisa se conscientizar da agenda comum na defesa do Estado de Israel e no combate ao antissemitismo. Nossa história não permite tornar este tema opcional ou dependente de filiação ou identificação com qualquer ou nenhuma das diversas correntes do Judaísmo.

Qual a maior ameaça para Israel nos dias de hoje?

A ameaça é a mesma enfrentada pelo povo Judeu há milênios – chama-se antissemitismo, não tem explicação lógica, não vai acabar nunca e hoje utiliza disfarces como movimentações pro palestinos ou boicote a Israel e anti-sionismo.

Como o senhor vê o BDS, movimento de boicote a Israel? Acredita que ele vem ganhando ou perdendo força? Como devemos enfrentar esta campanha?

A melhor forma de combater o boicote é através do antiboicote, ou seja vamos todos consumir e incentivar ao consumo de tudo que seja de Israel – produtos, serviços, turismo, investimentos, etc.

E as relações comerciais Brasil – Israel? Como podem ser incrementadas?

Estamos em nova etapa na diplomacia brasileira e esperamos que a relação entre os dois países avance para uma maior aproximação.

Algo que gostaria de complementar?

Gostaria de destacar que o papel da Câmara Brasil- Israel é estratégico em função de tudo o que foi dito acima. Aqui falamos da ampliação de canais de contato, de divulgação e do fomento das relações comerciais entre os dois países.