Quem realmente quer empreender, vai lá e faz, é preciso vontade e persistência consciente, afirma Flavio Pripas, empreendedor e diretor do CUBO

Liane Gotlib Zaidler
Especial para a Câmara Brasil- Israel de Comercio e Indústria

Nomeado como uma das 100 pessoas mais criativas nos negócios em 2012 pela Revista FastCompany (“FastCompany – 100 Most Creative People in Business 2012″), Flavio Pripas, que é formado em Ciências da Computação com MBA na FGV/SP,  lidera o CUBO, um projeto de fomento ao empreendedorismo digital no Brasil patrocinado pelo Banco Itaú e pela Redpoint eventures. Antes deste projeto e de ter lançado duas empresas como empreendedor digital, foi Diretor de Tecnologia do Banco J.P.Morgan, Head de Desenvolvimento do Credit Suisse Hedging-Griffo e Head de TI America Latina do JPMC Vastera.

Como funciona o CUBO e como é seu trabalho?

O CUBO abriu as portas em setembro de 2015, a partir da união de dois nomes de peso: o Banco Itaú e o Fundo de Investimentos Redpoint eventures, com a proposta de ser um espaço de coworking, voltado para fomentar a relação entre empreendimentos gigantes e nascentes.

A proposta do CUBO é conectar pessoas. Vários estudos apontam que são necessárias cinco variáveis para fazer um ambiente de inovação florescer:  talento, capital, cultura empreendedora, ambiente regulatório e identidade.

O que fazemos aqui é conectar pessoas, seja o empreendedor com outro empreendedor, com investidores, universidade, sempre com o viés de geração de negócios. Meu papel é justamente ajudar nesse “match-making”.

Qual a diferença entre uma start up e uma grande empresa?

 Uma start up é uma grande empresa que ainda não cresceu. Ela resolve um problema real, do mundo real com uma solução que tenha potencial de escala. Escala é a palavra chave de uma start up, ou seja, o valor que ela gera é desproporcional a estrutura que ela tem para gerar esse valor.  Um exemplo é o WhatsApp, que era uma empresa com cerca de 40 funcionários, que foi vendida por US$ 19 bilhões para o Facebook e atendia centenas de milhões de clientes.

Quais os critérios para que uma start up faça parte do CUBO?

Primeiro tem que ser uma start up, ter produto desenvolvido, senão ela ainda não é uma empresa, modelo de negócio para fazer seu produto ir para o mercado, e ter clientes. Só trabalhamos com empresas operacionais, que estejam gerando valor real.

Quais as novidades do CUBO para 2018? Como será a nova sede?

Com apenas dois anos e quatro meses de atividades, o CUBO acabou gerando muito valor para os fundadores e para as start ups, por esse motivo resolvemos expandir nossas atividades. No final desse semestre vamos para um espaço onde tudo será multiplicado por quatro, o que vai aumentar as chances de conexão e de gerar valor, com novos parceiros, investidores, funcionários.

Recentemente a 99 taxis foi vendida e avaliada por mais  de 1 bilhão de dólares. Como você enxerga essa notícia para o ecossistema empreendedor brasileiro?

Essa notícia é espetacular e serve para inspirar todo mundo, além de colocar  o país no clube dos “Unicórnios”, que é quando uma start up passa a valer um milhão de dólares.

Ela é tão relevante quanto a notícia de quando o Brasil ganhou um grau de investimento. Ela é praticamente um atestado de que temos um mercado maduro e que podem surgir empreendedores que possam construir histórias como essa.

Qual seu conselho para as empresas e empreendedores nesse momento de crise?

Empreender é difícil. É preciso ter foco, partir do pressuposto de que o futuro é imprevisível e testar várias possibilidades até o negócio girar. O foco é a diferença entre dar certo e dar errado.

Como desenvolver talentos para que tenham um perfil empreendedor?

Histórias inspiram pessoas. Precisamos construir histórias de grandes empreendedores. Isso não se ensina em sala de aula. Inspirar pessoas pode mudar a história do nosso país. Meu pai foi empreendedor e minha grande inspiração.

Em Israel a figura do empreendedor é muito forte. Como você vê o empreendedorismo no Brasil? Como podemos aproveitar os recursos e informações que Israel tem a oferecer?

Acho que Israel tem um traço cultural e característico dos empreendedores que é a chamada “chutzpá”, e que é importante que seja trazida para cá. Chutzpá é uma maneira de ser pragmático, objetivo e direto ao ponto, e isso é algo que tentamos compartilhar aqui no CUBO. O empreendedor quer gerar resultado e vai atrás dele com a confiança de que vai conseguir.  Além disso, aqui no Brasil, temos uma grande vantagem com relação a Israel: temos um mercado consumidor interno enorme, o que acaba sendo ao mesmo tempo uma vantagem e uma desvantagem, pois faz com que o empreendedor do Brasil não olhe tanto para o mercado global.

Algo que gostaria de acrescentar?

Gostaria de recomendar o livro: “ The Lean Start Up” (“Startup Enxuta” em português), que é o manual de cabeceira do empreendedor. A minha mensagem para o ano que está começando é a de que quem realmente quer empreender, vai lá e faz, é preciso vontade e persistência consciente.