Startup israelense traz ao país tecnologia para combater praga da laranja

A SeeTree, empresa israelense de tecnologia voltada ao agronegócio, acaba de chegar ao Brasil e traz ferramenta de inteligência artificial para ajudar no monitoramento das lavouras. O foco da empresa são os pomares cítricos. O sistema cria um perfil de saúde e produtividade de cada árvore individualmente, acompanhando o desempenho e, consequentemente, possibilitando a descoberta precoce de doenças, como o greening –praga que ataca os pomares de laranja, limão e mexerica com alto poder destrutivo e de fácil contágio.

O diferencial do produto é o monitoramento de cada árvore, de cada pé de laranja, por meio de análises de imagens aéreas e pesquisas do solo. “A tecnologia e os serviços de medição digitalizam cada árvore individualmente, computando a sua saúde e a sua produção. Fornecemos aos fazendeiros nossa própria equipe de operadores de drones licenciados que usam aparelhos de nível militar para pesquisar com perícia, com foco em áreas problemáticas, usando as inteligências humanas e artificial. A nossa tecnologia se concentra nas árvores, sistema inédito no país”, afirma o cofundador e CEO da companhia, Israel Talpaz.

O principal investidor de capital da SeeTree é Uri Levine, um dos fundadores do Waze. Ele já afirmou que vê semelhanças entre os sistemas das duas empresas, que usam dados obtidos por inteligência humana e artificial.

Com sede em Tel Aviv e escritórios nos EUA e o recém-aberto no Brasil, a companhia foi fundada em 2017 e entrou em janeiro deste ano no mercado norte-americano. Lá recebeu investimentos de 15 milhões de dólares (aproximadamente 58,1 milhões de reais) de empresas de capital de risco –parte desse dinheiro será investido no Brasil, mas Talpaz não revelou a fatia que virá para cá.

“A qualidade da agricultura brasileira é uma das mais altas do mundo. No entanto, devido ao tamanho e magnitude, os desafios que os produtores enfrentam são enormes. Há uma lacuna que pode ser preenchida com a nossa solução, para reduzir a perda de colheitas, corrigir ineficiências e melhorar a lucratividade, especialmente na indústria cítrica, com a detecção e o gerenciamento do greening”, diz o executivo.

No ano passado, o greening afetou 18% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro –em números absolutos, são aproximadamente 35,3 milhões de árvores doentes–, segundo o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura). A incidência foi a maior já registrada em São Paulo e Minas Gerais.

O Brasil é o principal exportador de suco de laranja do mundo. As vendas externas recuaram 13% entre julho de 2018 e março de 2019 na comparação com igual período da safra anterior, segundo a CitrusBR (associação dos exportadores). Foram embarcadas 741.042 toneladas do produto concentrado. O volume gerou receita de 1,3 bilhão de dólares, 12% menor que a do período anterior.

No cinturão agrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste mineiro, a safra de laranja 2018/2019 teve queda de 28%, com a colheita de 285,9 milhões de caixas. Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura, o motivo da queda foi a estiagem.