A N-Trig, de Israel, marcou uma importante vitória sobre uma concorrente veterana no segmento de tecnologia de canetas, um item que está ressurgindo dos mortos virtuais. A Microsoft decidiu usar a tecnologia de caneta da N-Trig em seus tablets Surface Pro 3, que antes usavam a tecnologia da Wacom, uma das maiores fabricantes de canetas e tecnologia de tablet gráfico.
A Wacom, com sede no Japão, é uma veterana na área de canetas e toque, produzindo tablets gráficos e canetas para computador, conhecidas no setor como canetas eletrônicas, há mais de três décadas. A empresa tem 80% do mercado mundial de tablets gráficos e produtos relacionados – portanto, a incursão da N-Trig no que havia sido uma parceria contínua entre a Wacom e a Microsoft é uma importante vitória para uma empresa israelense.
A tecnologia de caneta remonta aos dias pré-internet dos dispositivos de informação pessoal, como o Palm Pilot, que apresentava uma tela sensível ao toque de pouca qualidade – mas que exigia que os usuários interagissem com a tela por meio de uma caneta eletrônica, um dispositivo em forma de caneta com ponta plástica ou de borracha. Essa tecnologia de caneta, com foi chamada, permaneceu popular durante anos – até que a Apple surgiu com o iPhone, com sua tecnologia de toque que se provou muito mais popular que a caneta.
Os Palm Pilots são coisas do passado, mas a tecnologia de caneta que exigiam teve um renascimento nos últimos anos, uma vez que inúmeros aparelhos – mais recentemente, o Surface Pro 3 – incorporaram a tecnologia de caneta, mantendo e aperfeiçoando capacidades de toque. É um exemplo de como os consumidores hoje querem o máximo de flexibilidade possível, uma flexibilidade que a tecnologia da N-Trig lhes dá, diz Eyal Leibovitz, diretor financeiro da N-Trig, sediada em Kfar Sava.
“Com nossa tecnologia, a Microsoft foi capaz de tornar o Surface Pro 3 mais leve, porque nossos sensores permitem a interação de toque e caneta”, diz Leibovitz. “Os usuários podem então escrever na tela ou selecionar e mover itens deslizando os dedos, e os fabricantes com quem trabalhamos, como a Microsoft, apenas têm de inserir uma camada de sensor para permitir isso, em vez das duas normalmente exigidas.” No caso do Surface Pro 3, os usuários também têm a opção de digitar sobre a tela. Além da caneta e do toque, os usuários podem incluir informações no aparelho com um teclado quando seus dois componentes – o teclado e a tela – estiverem conectados.
O que funciona para a Microsoft funciona para dezenas de outros fabricantes de equipamentos que usam a tecnologia da N-Trig – entre eles, Lenovo, Intel, Acer e Asus, afirma Leibovitz.
Dezenas de aparelhos que permitem caneta e toque já estão no mercado, e outros estão a caminho, diz ele. “Muitos aparelhos já incluíam um sensor de toque que dá apoio à caneta, mesmo que esses aparelhos atualmente suportem apenas o toque”, afirma Leibovitz. “Para esses aparelhos, temos uma solução de software que pode ativar o componente de caneta, permitindo aos usuários desfrutar de ambos.”
Uma das razões para a “morte” inicial da caneta foi o fato de ter sido considerada muito menos precisa que o toque. Embora isso possa ter sido verdadeiro no passado, hoje já não é, afirma Leibovitz. “Nossa caneta é muito precisa, com um alto nível de controle e rápida atualização para capturar sutilezas de matizes, como diferenças de caligrafia entre usuários, a pressão que aplicam – alguns pressionam para baixo na tela com mais força do que outros – e outros problemas, para possibilitar um controle mais exato. Também patenteamos capacidades de rejeição à palma da mão”, diz ele, acrescentando que isso garante que o aparelho “saiba” quando os usuários encostam suas mãos na tela sem perceber enquanto escrevem nela com a caneta.
Outro problema que as canetas enfrentam é a imprecisão de transcrição. “Traduzir o texto escrito em texto na tela é trabalho do software leitor de caracteres, e nós trabalhamos para melhorar isso há anos”, diz Leibovitz, destacando que o software usado pelo N-Trig é altamente preciso. “(Além disso), não há latência (período de espera) entre o momento em que o texto é escrito e quando ele aparece na tela. No passado, a latência atrapalhava a experiência do usuário com canetas – eles, afinal, esperam ver o que estão escrevendo aparecer na tela enquanto escrevem. Sem problemas de latência, você tem uma experiência positiva o máximo possível”, afirma Leibovitz.
Aperfeiçoar a experiência do usuário foi essencial para o sucesso da N-Trig, diz Leibovitz. “A caneta fracassou no passado porque a experiência não foi suficientemente boa. As pessoas querem uma experiência de caneta sobre o papel, em que sentem que estão realmente escrevendo da forma como estão acostumados. Atingir isso não é tão fácil quanto se pode pensar – há muitas coisas que temos de observar, seja leitura de caracteres, sinalização, pressão ou outras. Com a tecnologia que estamos fornecendo à Microsoft e a outros, acho que finalmente conseguimos isso.”
Fonte: Times of Israel e Missão Econômica