Tecnologia israelense pode revolucionar a recuperação de movimentos motores

Cidades lotadas, pressa, horários a serem cumpridos. Neste cenário, senhores e senhoras de mais idade caminham, muitas vezes, sozinhos e é comum presenciarmos tombos ou tropeções. E quanto a pessoas com restrições motoras? A rotina também não é fácil. Auxiliar a vida destas pessoas foi o foco das pesquisas de duas empresas israelenses de alta tecnologia.

Nos Estados Unidos, uma em cada três pessoas com 65 anos ou mais caem quando estão sozinhas. Esse dado chamou a atenção do engenheiro biomecânico Yonatan Manor e foi a inspiração para criar os sapatos B-Shoe. Observando o modo de andar dos idosos, Manor teorizou que nossa estabilidade articular se deteriora com o tempo, assim como a visão e a audição. Músculos e reflexos não conseguem gerenciar os pequenos ajustes inconscientes para manter o centro ideal de pressão na região do calcanhar. A “correção” acontece tarde demais ou na direção errada.

Manor confirmou sua teoria com fisioterapeutas, médicos e através de estudos no Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Envelhecimento da Universidade de Ben-Gurion de Negev, em Israel. Feito isso, fez parceria com os engenheiros eletrônicos Abraham Stamper e Aharon Shapiro e instalou um mecanismo motorizado no calcanhar de um sapato que, controlado por sensor, pode conduzir o sapato para trás de forma controlada e suave para evitar a queda dos pacientes.

O desenvolvimento dos protótipos foi iniciado há seis anos e três pares do B-Shoes estão sendo testados em laboratórios dos principais hospitais israelenses. “O principal mecanismo eletrônico está localizado no calcanhar. E a bateria recarregável será incorporada na sola junto aos sensores de pressão”, explica Stamper, “os sensores detectam se o centro de pressão vai para além da linha de fundo de apoio. Se não houver reação do usuário por mais de alguns milissegundos, os sapatos se movem cinco ou sete centímetros para trás até que a estabilidade seja recuperada”. Pacientes que testaram sentiram uma melhora em seu equilíbrio e afirmaram que o movimento do calçado não é assustador. Após adquirir patentes nos EUA e em Israel, os cientistas abriram uma campanha de financiamento coletivo, ou crowdfunding, para produzir o B-Shoe em massa. Com investimento suficiente para a fabricação, o produto pode chegar ao mercado em até dois anos.

Neste mesmo sentido, a companhia Step of Mind criou o Re-Step, sapato com alta tecnologia para uso fisioterápico em pacientes com paralisia cerebral (PC), derrame (AVC), ou outros problemas que possam ter comprometido sua movimentação. Desde 2006, foi introduzido no Centro Médico Reuth, de Tel Aviv, e em várias clínicas da Turquia, onde já está à venda. O sistema atua alterando os ângulos dos pés e a altura das solas para promover a elasticidade do cérebro, conforme explica a diretora científica do experimento, Dra. Simona Bar-Haim: “Traumatismo crânio-encefálico não se limita a uma área, há um link de danos contínuos por muitos anos. Nós pensamos que melhorar o modo de andar e o equilíbrio é a chave para parar o processo. Uma maneira de trabalhar isso é colocar o paciente em um ambiente inesperado, desafiando as áreas do cérebro em equilíbrio e navegação. Isto pode causar mudanças nas áreas cerebrais responsáveis pela movimentação motora”.

A empresa completou os primeiros estudos clínicos tratando pacientes com PC e AVC no Oriente Médio e na Europa. Agora, vai iniciar as pesquisas utilizando ressonância magnética funcional para comprovar se o Re -Step realmente tem capacidade de parar a deterioração. O preço dos sapatos inclui treinos em uma clínica de reabilitação para que os pacientes possam usar o dispositivo em casa.

Junto com seus parceiros Jacob Witkowsky e Mark Belokopytov, Bar-Haim está buscando investidores. Por enquanto, a empresa está em atividade por meio de autofinanciamento e subsídios. A cientista acredita que o empoderamento das mulheres também é uma meta importante dos estudos: “Eu sou a investigadora principal em todo o processo e estipulo que metade dos pesquisadores, clínicos e participantes do Re-Step são mulheres”, finaliza.

* Com informações do Centro de Mídia Brasil – Israel