A MediWound, empresa de biotecnologia sediada em Israel e listada na Nasdaq, está tentando revolucionar a forma como os médicos tratam queimaduras de segundo e terceiro grau.
Para isso está usando uma tecnologia patenteada, descoberta por um médico militar alemão durante a Segunda Guerra Mundial, que envolve a aplicação tópica de enzimas de plantas de abacaxi para queimar feridas.
Fundada em 2001 em Yavne, a 18 milhas ao sul de Tel Aviv, a MediWound desenvolve, fabrica e comercializa tratamentos para queimaduras graves e feridas crônicas. O produto principal da empresa é um tratamento à base de enzima de abacaxi usado para a remoção de tecido morto de feridas de queimaduras chamadas NexoBrid.
O kit fornecido consiste em dois frascos, um contendo enzimas dos caules de abacaxi em pó e o outro com um gel à base de água. Os dois foram criados para serem combinados antes da aplicação na pele. Como o gel é eficaz na remoção apenas do tecido morto, ele reduz a necessidade de procedimentos cirúrgicos.
O CEO da MediWound, Gal Cohen, narra uma odisseia pitoresca que levou ao desenvolvimento da patente. Tudo começou quando o médico militar alemão Jerry Klein, que estava estacionado no norte da África na Segunda Guerra Mundial, procurava uma maneira eficaz e não cirúrgica de tratar as milhares de queimaduras que encontrava na linha de frente.
Após os alemães terem sido capturados pelas forças aliadas e ter sido feito prisioneiro de guerra, o Dr. Klein se apaixonou por uma enfermeira militar americana e a seguiu até os EUA quando a guerra terminou. Lá ele conheceu um médico americano e os dois começaram a colaborar na pesquisa das propriedades medicinais das enzimas de abacaxi quando aplicadas a queimaduras.
A pesquisa evoluiu ao longo dos anos 1960 e 1970, mas os dois não conseguiram isolar e controlar os níveis de enzimas suficientemente bem para garantir uma medicação que fosse comercialmente viável.
O cirurgião plástico israelense Lior Rosenberg assumiu a pesquisa do Dr. Klein após o encontro em uma conferência na Suíça nos anos 1980. Depois de duas décadas de trabalhos e tratamentos experimentais bem sucedidos, o Dr. Rosenberg, então chefe do departamento de cirurgia plástica do Centro Médico da Universidade Soroka, em Be’er Sheva, fundou a MediWound em 2001.
O medicamento criado pela MediWound, teve seu momento de destaque em outubro de 2015, quando mais de 150 pessoas sofreram graves queimaduras em incêndio em uma boate de Bucareste, na Romênia. A empresa mandou dois médicos e um estoque de kits NexoBrid para ajudar os médicos locais. O novo produto foi usado para tratar mais de 50 vítimas de queimadas em apenas três dias.
Mais de metade dos centros de queimados em hospitais europeus agora usam NexoBrid, que também é comercializado no Japão, Coréia do Sul e Índia. Em janeiro a Mediwound anunciou a expansão para a América Latina e em outubro para a Tailândia e Taiwan, e aguarda a aprovação da FDA para iniciar um ensaio clínico e um estudo pediátrico Nos Estados Unidos, no próximo ano.