Velhos contêineres viram residências estudantis em Israel

Vista da residência estudantil feita de contêineres que será inaugurada no dia 1° de dezembro, em Sderot, Israel.

SDEROT, Israel — O que fazer com velhos contêineres? Aqui nesta cidade do Sul de Israel, eles foram limpos, a ferrugem removida e transformados em um elegante e barato espaço para morar, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Empilhadas umas sobre as outras, as caixas já desgastadas constituem a primeira residência estudantil de Israel exclusivamente feita de contêineres que iriam para o lixo.

Israel não é o primeiro lugar a perceber o valor dessas caixas de metal. Nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, muitas foram remodeladas e transformadas em casas de luxo. Nos campos de petróleo da Arábia Saudita, Líbia e Kuwait, elas têm sido usadas há anos como alojamento para trabalhadores. E em Amsterdã, estudantes vivem em contêineres convertidos em casas desde 2006. É a maior residência desse tipo já construída até agora no mundo.

Em Israel — onde centenas de milhares de pessoas, lideradas por um grupo de estudantes universitários, saíram às ruas em 2011 para protestar contra o alto custo de vida — converter contêineres é a solução para a imensa falta de moradia estudantil a custo acessível.

— Há milhões de contêineres que podem ser reutilizados. Eles são geralmente descartados após dois ou três anos pelas empresas que não sabem o que fazer com eles — disse Effy Rubin, diretor da organização de estudantes sem fins lucrativos, Ayalim, que incentiva jovens a se mudarem para as regiões da Galileia e o deserto de Negev.

Rubin disse que os contêineres foram comprados por US$ 2 mil cada e transportados para dois locais em Israel — Sderot, no Sul e Lod no Centro.

As renovações custaram pouco mais de US$ 40 mil por apartamento e levaram menos de seis meses para serem concluídas. As residenciais serão inauguradas no dia 1° de dezembro. Em Sderot, que fica em uma estreita faixa onde foguetes disparados por militantes palestinos na Faixa de Gaza atingem a cidade, a residência estudantil conta com abrigos antiaéreos.

Em ambas as cidades — Sderot que inicialmente vai abrigar até 86 alunos, e Lod, construída para 36 — serão alugadas por no máximo US$ 160 por mês por pessoa.

— Esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada — disse Bar Asaev Said, de 31 anos, estudante de Gestão Industrial na Sapir College. — Minha escola não tem moradia estudantil, e isso é realmente uma boa solução.

Asaev vai viver no apartamento contêiner com sua namorada, Avital Ben David, de 27 anos.

— É um ótimo projeto. Gostaria que tivesse acontecido antes — disse Asaev.

A situação dos alunos que não podem alugar um apartamento, veio à tona em julho de 2011, quando um grupo de estudantes da Universidade de Tel Aviv armou uma tenda no centro da cidade para protestar contra o alto custo de acomodações.

Em poucos dias, uma cidade de tendas foi formada em torno dos alunos, em uma demonstração de solidariedade dos israelenses, também insatisfeitos com os preços exorbitantes das habitações em Tel Aviv. Durante todo o verão, centenas de milhares de israelenses foram às ruas de Tel Aviv e em outras cidades, criando acampamentos e protestando contra o alto custo de vida, na maior manifestação que Israel já viu.

Para garantir um lugar nas residencias estudantis de Sderot e Lod, os moradores devem ser voluntários na comunidade local.

— O conceito é muito educativo. Ele nos permite contribuir com a comunidade, e em contrapartida temos um lugar bom e barato para viver — disse a estudante Banchi Avraham.

E como ela se sente vivendo em uma caixa de metal?

— Eu não vejo assim — disse Banchi. — É ótimo por dentro, e eu estou muito entusiasmada por fazer parte de um novo projeto.